28 de fev de 20213 min
Atualizado: 11 de abr de 2021
Douração. douradura, douramento ou banho de ouro. Estes são alguns dos nomes referentes à técnica que consiste em cobrir superfícies com ouro em suas diferentes formas. Atualmente, essa técnica é realizada por meio da fixação de folhas superfinas, utilizada na restauração de móveis, entalhes, molduras, painéis e, claro, na arte sacra.
Historicamente, a aplicação de ouro em camadas ou como revestimento cumpria funções importantes, além da aparência decorativa e valiosa. Por trás do prestígio, havia o simbolismo da cor em atos religiosos, atendendo à iconografia original de diversas imagens. Da mesma forma, a douração era muito utilizada como forma de garantir a durabilidade das peças, tornando-as mais resistentes à corrosão, por exemplo.
Para desenvolver a técnica tradicional de douração, obtendo a cobertura de camada finíssima, são utilizados, atualmente, alguns materiais básicos além da superfície escolhida - madeira ou gesso - e da própria folha de ouro. Goma laca, verniz mordente e betume são alguns deles, além de acessórios que podem ser úteis, como esponjas, pincéis e lixas.
Porém, por ser um processo muito antigo, a douração tem uma trajetória de avanços que vão além desse kit básico. Listamos, abaixo, algumas técnicas interessantes dessa linha do tempo.
Considerada a técnica de douração mais antiga da história, tem sido muito utilizada na Rússia desde o século IX - onde era chamada de ouro queimado. Consiste em aquecer ouro de alta qualidade dissolvido em mercúrio até que o mercúrio evapore. O processo garante alta resistência à corrosão e durabilidade do revestimento, exigindo, porém, a manutenção de um metal altamente tóxico como o mercúrio.
Este procedimento foi muito presente na arquitetura, podendo ser visto em cúpulas de catedrais em São Petersburgo e no icônico Portão Dourado da Catedral da Natividade, em Suzdal, também na Rússia.
Técnica realizada há séculos em porcelanas e louças de barro. Após a aplicação, a peça decorada é cozida em forno para fundir o ouro ao esmalte e garantir permanência e durabilidade. Fatores como tipo de ouro aplicado, estado da superfície antes da aplicação, espessura da camada e condições da queima afetam a qualidade do revestimento.
Aplicação de ouro em pó misturado com cobre. Técnica sofisticada realizada por meio de eletrólise, com resultados nem sempre duradouros.
Técnica realizada com cera especial para douração. A cera é aplicada após a limpeza e preparação da peça com tinta para douração, utilizando um pano ou pincel embebido em terebintina.
Utilizado para dourar superfícies metálicas, de gesso, de pedra e interiores.
Utilizado para dourar superfícies de madeira e interiores. É o mais difícil e caro procedimento, além de demorado.
Neste processo, a folha de ouro é preparada e presa à superfície de forma mecânica. O método de dobrar ou martelar folhas de ouro é um dos mais simples e antigos da história, mencionado, inclusive, no Antigo Testamento. Vale lembrar que hoje a folha de ouro é mais final que o papel comum, quase semitransparente, mas nos tempos antigos, chegava a ser cerca de dez vezes mais espessa - possivelmente metade disso na Idade Média.
Este processo foi descoberto na Mesoamérica pré-colombiana, onde peças são desenvolvidas a partir de uma liga de cobre e ouro, denominada tumbaga pelos espanhóis. A superfície é gravada com ácidos, o que leva a uma camada de ouro poroso que, após polimento, resulta em uma superfície dourada e brilhante. A técnica se expandiu e hoje é base da Keum-boo - procedimento coreano de douramento de prata que utilizada douramento por depleção.
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Fontes: Hisour, CulturaMix