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  • Especial: São José

    O dia de São José é comemorado em 19 de março. Para celebrar a data, preparamos um especial sobre a história e iconografia da imagem - uma das favoritas do Ateliê. Definição Carpinteiro e esposo da Santíssima Virgem. Padroeiro dos carpinteiros e marceneiros. Protetor dos lares católicos e dos enfermos, proporciona morte serena a seus devotos. Indumentária Na época medieval, o traje era simples, comum aos artesãos - túnica curta amarrada. Na fuga para o Egito, capa e turbante ou chapéu de abas. Em versões modernas, túnica talar e manto atravessado. A utilização das cores roxa e amarela é recente. Atributos Atributos são símbolos, signos ou alegorias ligados à vida ou à invocação da imagem que nos leva à sua identificação. Na época medieval, apareciam elementos como bastão curvo, cesta ou gaiola com pombas. No final do período Gótico, vara ou bastão florido - que se transforma, mais tarde, em um ramo de açucenas, símbolo de seu casamento virginal. Como pai de Jesus, surgem vela de cera ou lanterna, o menino Jesus nos braços ou levado pela mão. Como carpinteiro, serra, machado, esquadro e plaina são os elementos. Principais cenas Com o menino Jesus, segurando a vara florida; Com uma açucena e o menino Jesus no braço direito, segurando uma cruz; Segurando uma haste de lírios, cercado de resplendor, com o menino; Com o menino Jesus segurando flores; Sobre uma banca de ferramentas de carpinteiro e no peitoril de uma janela; Junto ao menino Jesus, que de pé lhe coloca uma coroa de flores na cabeça, e, em cima, a pomba do Espírito Santo; Sentado com o menino Jesus ao colo e, à esquerda, a Pomba do Espirito Santo. Tipos iconográficos Na arte da Idade Média, velho, calvo e de barba branca. A partir do século XVI, homem de uns 40 anos. História São José é um dos santos mais venerados no Brasil, contando com quase 300 paróquias. Esteve ao lado de Maria no momento do parto e, graças à intervenção de um anjo, programou a fuga ao Egito para escapar da perseguição de Herodes. Segundo a tradição ,ele morreu, assistido por Maria e Jesus, antes de Cristo iniciar sua vida pública. Sobre seu casamento com Maria, existem diferentes histórias a respeito, narradas em Evangelhos apócrifos, como o da escolha do ancião para esposo da virgem. Doze velhos conduziram para o templo 12 bastões e o de São José se cobriu de lírios, símbolo de sua vida casta. Em várias igrejas do Brasil, existem imagens de ´São José de Botas´, em que o santo usa botas de cavaleiro em vez das sandálias tradicionais. Porque é o santo peregrino, viajante, protetor dos caminheiros, é também considerado o São José do Egito. Um dos templos mais antigos dedicados a este santo foi o do Rio de Janeiro, que ainda existe no centro da cidade. Devido aos movimentos trabalhistas no século XX, Pio XII substituiu a festa de São José Operário no dia 1 de Maio coincidindo com a comemoração do dia do trabalho. Confira algumas imagens de São José já desenvolvidas pelo Ateliê.

  • Emboss na Arte Sacra: aplicação da técnica no gesso

    Emboss é uma técnica de aplicação de detalhes muito utilizada no artesanato, especialmente em madeira e papel, recortes ou apliques. Atualmente, também podemos encontrar a técnica sendo aplicada em couro, tecidos ou até metais. Pela primeira vez, testamos a técnica no gesso - e o resultado foi surpreendente! Como funciona o emboss? Embossing, em inglês, significa gravação. O objetivo do emboss é obter um relevo que não só enriquece o valor da peça, mas também contribui muito para torná-la mais atrativa visualmente, já que adiciona dimensão e textura aos produtos. Em resumo, a técnica é realizada com uso do pó de emboss - uma espécie de purpurina especial - fixada na superfície por meio de calor. Este calor pode ser obtido com diversas ferramentas como, por exemplo, um soprador. Algumas versões também utilizam pressão, em vez de altas temperaturas. História do emboss Os primeiros registros de emboss datam do século 15, quando selos eram aquecidos e utilizados para criação de logos personalizados em cartas. Esse artifício era limitado, caro e muito admirado, já que era visto como sinal de qualidade e profissionalismo. Embossing passou a ser utilizado como artifício artístico no século 19, quando serviços de impressão eram mais acessíveis. O mais notável produto desenvolvido com emboss dessa época eram moedas - ainda disponíveis em algumas casas de moeda como itens raros. Antes disso, ainda no fim do século 18, a técnica passou a ser utilizada para impressão de livros para pessoas com deficiência visual, após a invenção do processo de emboss de letras do clássico alfabeto romando em 1784, em Paris, por Valentin Hauy. Gráficas de embossing se espalharam por outras partes da Europa, mas foi após as guerras Napoleônicas em 1815 que essa indústria se expandiu. Isto porque o pós-guerra fez crescer uma demanda urgente por publicações em relevo já que diversos veteranos retornaram a suas casas com dificuldades visuais, como consequência da guerra. Arte Sacra: emboss no gesso Para desenvolver esta imagem de Nossa Senhora Aparecida, aplicamos a técnica do emboss no gesso. Por ser uma técnica de detalhe, o emboss funciona perfeitamente na arte sacra, trazendo a possibilidade de tornar a peça ainda mais rica e interessante. Nessa proposta, utilizamos a técnica no manto de Nossa Senhora. A indumentária das imagens sacras, inclusive, podem ser beneficiadas pelo emboss, trazendo uma nova camada de trabalho manual para o projeto. Aqui usamos o ouro (Gold Tinsel) para obter o efeito desejado nos arabescos, complementando o tom de azul clássico da iconografia da peça. Mantivemos o tom de pele negro e monocromático, equilibrando o contraste do dourado. O efeito relevo traz, também, personalidade para imagens clássicas como Nossa Senhora. Na página Arte Sacra, é possível conferir mais fotos e outras peças do nosso portfólio.

  • Vernissage e a importância do verniz na história da arte

    Apesar de ser utilizada para denominar o evento de pré-inauguração de uma exposição, a palavra vernissage carrega uma importante parte da história da arte. De origem francesa, ela foi adotada pelas línguas portuguesa e espanhola pare referir-se à cerimônia exclusiva para convidados, imprensa e formadores de opinião terem acesso antecipado às obras exibidas. A língua inglesa já refere-se à ocasião como opening. Sua origem, porém, é bastante curiosa. No século XIX, os Salões de Arte de Paris já utilizavam a palavra na prática, mas foi em 1809 que a Royal Academy of Arts de Londres formalizou a atividade: vernissage era o dia em que os artistas podiam dar retoques em suas obras e aplicar uma última mão de verniz para que as peças ficassem mais brilhantes. Logo, a prática tornou-se uma tradição. A evolução do vernissage Com o tempo, pintores fizeram do vernissage um hábito. O pintor inglês William Turner, por exemplo, tornou-se famoso por fazer alterações expressivas em suas peças no dia do vernissage. Passou a ser comum, então, chamar colegas para o momento em que a tela iria receber a última mão de verniz. Assim, a prática evoluiu para tornar-se um momento de confraternização, incluindo eventual serviço de bebidas e comidas. O dia do vernissage, assim, começou a atrair cada vez mais amigos, parentes, críticos e clientes interessados em adquirir as obras com exclusividade. Logo, o evento passou a se referir, basicamente, ao dia de abertura da exposição limitado a convidados - antecedendo a abertura para o público em geral. Vernissage passou a ser visto, também, como uma oportunidade de encontrar o artista pessoalmente, fazer relacionamento com curadores e colecionadores e estreitar laços por meio de brindes exclusivos - como catálogos, por exemplo. A história do verniz A história da arte mostra que a cobertura final das obras era feita, no passado, com ingredientes diversos - da clara de ovo a diferentes tipos de cera. A partir do século XVIII, o verniz passou a ser utilizado com frequência entre artistas. Verniz é uma solução sem pigmento. Pode ser desenvolvido com resinas sintéticas ou naturais, em óleos ou outros elementos, e funciona como um revestimento protetor de superfícies, formando uma película transparente que acentua a textura revestida. Ele pode secar por evaporação, oxidação ou polimerização de seus constituintes. O verniz à óleo é uma solução de resina natural ou sintética com óleo secativo e solvente volátil. O óleo diminui a fragilidade natural da resina, mas como o solvente é volátil, ele não forma película. Essa opção era muito utilizada antigamente e tinha grande importância, mas foi substituída pelo verniz de base alquídica (ácido, álcool e óleo secante) ou uretana (composição ácida) - que garantiu maior durabilidade, menos amarelecimento e aplicação mais fácil. Com o objetivo de reduzir poluentes e facilitar a limpeza de ferramentas, desenvolveu-se o verniz à água. O verniz a álcool, por sua vez, é uma solução de resina com solventes voláteis que seca mais rápido, mas é mais quebradiço. Assim, pode descascar com o passar do tempo. Um bom exemplo de verniz a álcool é a famosa goma-laca - solução em metanol ou álcool etílico. Fontes: Brasil Escola, História das Artes

  • Guia: como incluir arte sacra na decoração?

    A arte sacra é o principal pilar do trabalho do Ateliê. E, por isso, sempre recebemos dúvidas e ideias sobre como incluir nossas peças na decoração da casa de forma harmoniosa. Por isso, preparamos esse guia para ajudar você a incluir sua peça favorita na decoração, de forma harmoniosa e sem complicações. A verdade é que foi-se o tempo em que peças sacras eram apenas associadas a religião ou crença específica. Alguns arquitetos, hoje, fazem questão de usar esses elementos em seus projetos. Há quem colecione apenas por admirar a estética de um época ou estilo artístico ou por interesse cultural mesmo, sem nenhuma conexão com a religião que pratica no dia a dia. Isso, claro, não exclui o fato de muitas pessoas terem imagens em suas casas por devoção religiosa – seja ela qual for. A verdade é que essa diversidade é muito bem vinda quando voltamos ao conceito básico de arte como forma de expressão. Qual seria a graça se todos se expressassem da mesma forma? Dicas práticas de decoração com arte sacra Mesclando estilos Hoje, é possível criar tanto um cantinho específico para uma peça de arte sacra, uma espécie de mini santuário, como incorporá-la aos ambientes da casa, mesclando com uma decoração retrô ou mais contemporânea. Estatuetas ou quadros podem ser combinados com outros itens do espaço, não necessariamente religiosos. Combinando acessórios Se a peça não puder ser fixada na parede, vale pensar em aparadores, prateleiras, nichos e mesinhas que combinem com a decoração. Mescle com objetos que já existem, como porta-retratos e livros. Estilo monocromático Uma dica infalível é apostar na monocromia. Uma única cor simplifica a decoração e possibilita a criação de um espaço bonito e, ao mesmo tempo, elegante. Diferentes crenças Sim! É possível mesclar crenças diferentes também. Para isso, basta lançar mão de nichos que ajudem a identificar os microambientes. É possível, ainda, misturar o estilo mais tradicional com uma peça mais moderna mesmo que ambos tenham diferentes simbolismos. Apostando em cores Se a sua imagem sacra favorita for colorida, existe um ótimo truque para balancear a estética: metalizados. Os acessórios dourados ou bronzeados são aposta certeira para trazer equilíbrio ao espaço. Outra ótima dica é incluir combinações neutras, como branco e preto, para construir o ambiente. Explorando estilos artísticos Essa dica é ótima para quem é apaixonado por diversos estilos artísticos além da arte sacra. Procure pensar em combinações com outras vertentes variando o local de foco e garantindo harmonia entre as cartelas. A peça sacra pode ir para a mesa, enquanto o quadro clássico vai na parede - se as cores estiverem em harmonia, a combinação funciona e ainda garante um toque de personalidade ao ambiente. Locais seguros Essa é a última, mas uma das mais importantes dicas deste guia. Procure posicionar as peças de arte em locais com pouca circulação de pessoas. Normalmente, são itens frágeis e que exigem atenção aos movimentos. Assim, você combina suas obras, mas evita acidentes. Imagens: Google Fonte: Decoração e Projetos #artesacra #decoração #dica #gesso

  • Técnicas de Douração na Arte Sacra

    Douração. douradura, douramento ou banho de ouro. Estes são alguns dos nomes referentes à técnica que consiste em cobrir superfícies com ouro em suas diferentes formas. Atualmente, essa técnica é realizada por meio da fixação de folhas superfinas, utilizada na restauração de móveis, entalhes, molduras, painéis e, claro, na arte sacra. Historicamente, a aplicação de ouro em camadas ou como revestimento cumpria funções importantes, além da aparência decorativa e valiosa. Por trás do prestígio, havia o simbolismo da cor em atos religiosos, atendendo à iconografia original de diversas imagens. Da mesma forma, a douração era muito utilizada como forma de garantir a durabilidade das peças, tornando-as mais resistentes à corrosão, por exemplo. Para desenvolver a técnica tradicional de douração, obtendo a cobertura de camada finíssima, são utilizados, atualmente, alguns materiais básicos além da superfície escolhida - madeira ou gesso - e da própria folha de ouro. Goma laca, verniz mordente e betume são alguns deles, além de acessórios que podem ser úteis, como esponjas, pincéis e lixas. Porém, por ser um processo muito antigo, a douração tem uma trajetória de avanços que vão além desse kit básico. Listamos, abaixo, algumas técnicas interessantes dessa linha do tempo. Douração de Fogo Considerada a técnica de douração mais antiga da história, tem sido muito utilizada na Rússia desde o século IX - onde era chamada de ouro queimado. Consiste em aquecer ouro de alta qualidade dissolvido em mercúrio até que o mercúrio evapore. O processo garante alta resistência à corrosão e durabilidade do revestimento, exigindo, porém, a manutenção de um metal altamente tóxico como o mercúrio. Este procedimento foi muito presente na arquitetura, podendo ser visto em cúpulas de catedrais em São Petersburgo e no icônico Portão Dourado da Catedral da Natividade, em Suzdal, também na Rússia. Dourado da Cerâmica Técnica realizada há séculos em porcelanas e louças de barro. Após a aplicação, a peça decorada é cozida em forno para fundir o ouro ao esmalte e garantir permanência e durabilidade. Fatores como tipo de ouro aplicado, estado da superfície antes da aplicação, espessura da camada e condições da queima afetam a qualidade do revestimento. Douração com Ouro em Pó Aplicação de ouro em pó misturado com cobre. Técnica sofisticada realizada por meio de eletrólise, com resultados nem sempre duradouros. Douração com Cera Técnica realizada com cera especial para douração. A cera é aplicada após a limpeza e preparação da peça com tinta para douração, utilizando um pano ou pincel embebido em terebintina. Douração à Óleo e à Água Utilizado para dourar superfícies metálicas, de gesso, de pedra e interiores. Douração à Argila Utilizado para dourar superfícies de madeira e interiores. É o mais difícil e caro procedimento, além de demorado. Douração Mecânica Neste processo, a folha de ouro é preparada e presa à superfície de forma mecânica. O método de dobrar ou martelar folhas de ouro é um dos mais simples e antigos da história, mencionado, inclusive, no Antigo Testamento. Vale lembrar que hoje a folha de ouro é mais final que o papel comum, quase semitransparente, mas nos tempos antigos, chegava a ser cerca de dez vezes mais espessa - possivelmente metade disso na Idade Média. Depleção dourada Este processo foi descoberto na Mesoamérica pré-colombiana, onde peças são desenvolvidas a partir de uma liga de cobre e ouro, denominada tumbaga pelos espanhóis. A superfície é gravada com ácidos, o que leva a uma camada de ouro poroso que, após polimento, resulta em uma superfície dourada e brilhante. A técnica se expandiu e hoje é base da Keum-boo - procedimento coreano de douramento de prata que utilizada douramento por depleção. No nosso canal do Youtube, reunimos algumas peças desenvolvidas pelo Ateliê com diferentes técnicas a partir da douração. Inscreva-se! Fontes: Hisour, CulturaMix

  • As cores do ano 2021 na arte sacra

    Todos os anos, há mais de duas décadas, o instituto Pantone Color seleciona a cor do ano. Essa escolha é determinada a partir de estudos de tendências, psicologia e consultoria que direcionam especialistas a concluirem de que forma os movimentos de diversos segmentos tendem a se manifestar visualmente. A decisão tem impacto em todos os setores de negócios - do entretenimento ao turismo. Para este ano, a Pantone combinou duas cores para chegar à aguardada “cor do ano”: PANTONE 17-5104 Ultimate Gray + PANTONE 13-0647 Illuminating. Um tom de cinza e um tom de amarelo, cores que carregam mensagens muito diferentes e, ao mesmo tempo, complementares. Primeiramente, a dupla reflete o resultado de um 2020 tão cheio de obstáculos e desafios, trazendo o espírito que promete conduzir 2021: força e solidez em busca de momentos de luz, ensolarados. Paralelo ao contraponto, há uma união perfeita. O cinza é a base firme e estável que dá suporte a sentimentos de esperança e energia. Cinza é cor das sombras, mas não existem sombras sem uma fonte de luz. Em outra interpretação, o amarelo traduz a necessidade de aparecer, inovar, cintilar - mas ainda mantendo o respeito pelas tradições, pela sabedoria, pela experiência simbolizadas pelo cinza. Na arte sacra, a cor do ano promete se manifestar reforçando o cinza e o dourado como opções clássicas do desenvolvimento das peças. Cinzas e cinzas quentes na arte O cinza, na tradução de símbolo de resiliência, confirma a importância do respeito às tradições, à passagem do tempo, à origem das imagens. Na perspectiva de restauração, essa é uma mensagem muito importante, pois resgata a essência dessa manifestação artística - preservação da cultura e da arte. De modo geral, o cinza equilibra a cartela de cores da peça: traz sobriedade, com a dose do preto, mas também calma, graças ao branco. Ele não existe sem um, ou outro. Durante o Renascimento e o Barroco, o cinza tornou-se elemento de harmonia, já que o preto passou a ser a cor mais popular entre a nobreza, especialmente na Itália, na França e na Espanha. O cinza era a cor complementar a ele. Entre artistas, o cinza era visto como ótima cor de fundo para tons de pele. O pintor El Greco utilizou a opção em muitas obras para destacar rostos e fantasias. Retratos do pintor holandês Rembrandt Van Rijn eram compostos maajoritariamente por cinzas quentes que ele mesmo desenvolvia com pigmentos pretos de carvão ou ossos de animais queimados, misturados com branco de chumbo ou branco feito de cal. Como no retrato “Margaretha de Geer”, Rijn criou cinzas a partir de camadas de marrom escuro, terra laranja, vermelha e amarela, marfim preto e, finalmente, chumbo branco - adicionando mistura de azul, ocre vermelho e lago amarelo. Esses riquíssimos cinzas e castanhos quentes eram usados para dar ênfase à luz dourada nos rostos das pinturas. Sua popularidade também se deu graças a uma técnica de pintura à óleo denominada grisaille, a partir da qual a imagem era composta por cinza e branco como base anterior às cores, incluídas em seguida. Essa técnica permitiu que efeitos sombreados fossem desenvolvidos, utilizando a camada de cinza inferior - que, muitas vezes, também era finalizada sem sobreposições de cor, resultando em um visual de pedra esculpida. Cinza também era considerada a cor de fundo ideal para o dourado. Na teoria das cores, a saturação, ou seja, pureza da cor, é definida pela quantidade de cinza que a cor contém - o que é muito útil no desenvolvimento de peças que exigem mais ou menos sobriedade. Dentro da classificação de temperatura da teoria, o cinza - assim como o marrom - é tido como cor neutra. Assim, seu uso associado a cores quentes e frias dá origem a opções mais equilibradas para a pintura de rostos e indumentárias - como cinza-azulado, cinza-esverdeado e cinza-avermelhado. Também na arte sacra, o cinza é associado ao prateado. Dourado: o amarelo na arte sacra Na arte sacra, o amarelo se traduz, na maioria das vezes, em dourado. A folheação a ouro é um dos processos mais conhecidos, etapa fundamental da policromia - uma das técnicas mais tradicionais da arte sacra e especialidade do Cristina Martins Ateliê. Quando se trata de douramento, são inúmeras as possibilidades de técnicas: douramento à base de água, de argila, douramento químico e a frio são algumas delas. Na arte sacra, tratamos do douramento mecânico, série de etapas nas quais a folha de ouro é preparada para ser “colada” em variadas superfícies. Para que isso ocorra, artistas lançam mão de procedimentos como polimento e douração de água e de óleo. Cobrir uma peça com folhas de ouro é um dos métodos mais simples e antigos da história - sendo mencionado, inclusive, no Antigo Testamento, onde o processo é citado com a inclusão de uma fina camada de betume. Mas, claro, houve diversas evoluções. Enquanto hoje a folha de ouro é um material finíssimo - mais fino que o papel comum e, quando na luz, chega a ser semitransparente -, no passado, já chegou a ser cerca de dez vezes mais espessa. No passado, ainda, a douração de telas ou madeira envolvia um revestimento prévio de gesso, seguido por aplicação de cola de pele de coelho e água ou óleo de linhaça com litarga. Outra mistura comum para aderência da folha era clara de ovo grosseiramente batida, goma e/ou fuste armênio. Muitos também usavam o ouro como pigmento para a criação de uma tinta, moendo-o e misturando com algum aglutinante - como a goma arábica. Um fato interessante é que muitos artistas aqueciam a peça depois de folhear ou pintar com o ouro, derretendo-o leve e sutilmente para que a camada ficasse mais uniforme. Para madeira, couro, páginas de pergaminhos e materiais com bordas douradas, essas foram as principais alternativas de douramento que se mantiveram. Dourado e ornamentação na arte sacra O dourado é encontrado, principalmente, na indumentária das imagens sacras, para compor detalhes dos tecidos. O barroco brasileiro reúne uma vasta seleção de técnicas tradicionais nesse sentido - muitas, inclusive, utilizadas pelo Cristina Martins Ateliê. Para 2021, a previsão é de que essas técnicas sejam ainda mais exploradas no segmento. Esgrafito - nessa técnica, a folha de ouro é aplicada e brunida e, em seguida, a superfície é pintada. Na fase de secagem, parte da camada colorida são removidas com uma ferramenta específica, formando desenhos e revelando a camada dourada inferior. Pintura a pincel - pode ser utilizada sobre áreas coloridas do esgrafito, para destacar os tons, ou pode imitar o próprio esgrafito. Punção - realizada após o douramento, com peças de metal de diversos formatos e tamanhos, formando texturas na peça com furos. Seus efeitos aparecem em túnicas, mantos, contornando desenhos ou preenchendo um grande espaço. Entalhe - feitas antes da douração para dar destaque a desenhos. Também conhecido como ranhuras ou incisões. Pastiglia - a área a ser dourada era coberta por pintores com uma camada de argila, antes da aplicação da folha de ouro. O desenho de baixo relevo era desenvolvido na superfície a ser dourada ou pintada. A cor quente dessa base dava vida ao dourado. Muito utilizada na Itália, durante o Renascimento. Veladuras - camadas finas de tinta transparente e colorida aplicadas sobre camadas coloridas e secas ou sobre folhas de ouro e prata. O objetivo é promover uma sutil modificação na cor. Normalmente, é realizada com tinta a óleo ou a têmpera. No nosso canal do Youtube, reunimos vídeos e dicas exclusivas sobre desenvolvimento de arte sacra e restauração. No nosso Instagram e na nossa página do Facebook, é possível acompanhar mais conteúdos sobre o assunto, além de estudos sobre carnação e policromia. Fontes: Pantone, Hisour, Curso "Expressões na Arte Sacra" no Museu de Arte Sacra de SP, por Silvana Borges

  • Por que a tinta a óleo é cara?

    Você sabia que 1 litro de tinta a óleo pode custar até $1.100? Quem trabalha com pintura ou é apaixonado por arte certamente já se perguntou sobre a origem desse produto e os motivos pelos quais ele é encontrado a preços tão superiores no mercado. Para responder a essa dúvida, encontramos este material no site Business Insider, que publicou uma matéria especial sobre o assunto. A transcrição traduzida do vídeo pode ser encontrada abaixo. Além de trazer informações relevantes sobre o tema, vale assistir também pela riqueza das imagens - um conteúdo fascinante e muito inspirador. Aproveitamos para descobrir a origem do roxo de Tyr, do amarelo indiano, do marrom múmia - entre outras cores. Narrador: A tinta a óleo é simples. Basicamente, é apenas uma mistura de óleo e pigmento. Mas dependendo da cor e da qualidade, um litro dessa tinta pode custar de US$ 285 a US$ 1.100. Então, o que torna esta tinta tão especial? E por que é tão cara? A tinta a óleo tem sido usada há centenas de anos. É feita de um óleo secante, como a semente de linhaça, e, às vezes, pigmento com enchimentos e espessantes adicionados à mistura. Quando misturados e triturados, esses ingredientes se ligam e engrossam para formar uma tinta permanente. Embora o surgimento da tinta a óleo esteja associado ao Renascimento, as pinturas que usam óleo de semente de papoula datam do século 7 no Afeganistão. Mas há um motivo principal pelo qual essa tinta nunca foi barata: os pigmentos custam muito dinheiro. Tegen Hager-Suart (Especialista em Tintas na Jackson´s Art Supplies): Então, em uma boa tinta a óleo, você procura por alta carga de pigmento e um pigmento de boa qualidade nessa alta carga de pigmento. Portanto, não importa se você tem muitos pigmentos - se é sobre pigmento de qualidade, você precisa de um pigmento de boa qualidade. Você está procurando resistência à luz para que não desapareça, e os testes de resistência à luz vêm acontecendo há gerações, na verdade, para alguns pigmentos. Então você não vai criar uma obra-prima e, depois de 50 anos depois, ela está completamente destruída. Narrador: A tinta a óleo da mais alta qualidade pode ter até 75% de pigmento. Ao longo da história, os pigmentos mais procurados valeram muito mais do que seu peso em ouro. E isso é porque eles dão muito trabalho para descobrir e fazer. A cor real favorita na época romana, o roxo de Tyr, era um pigmento brilhante feito das glândulas de caracóis do mar. Podem ser necessários 12.000 caracóis para fazer apenas 2 gramas da cor. O amarelo indiano foi originalmente feito a partir da urina de vacas alimentadas apenas com folhas de manga. E nos séculos 16 a 19, o marrom múmia era na verdade feito com os restos mortais de múmias egípcias. E embora a cor fosse perfeita para alguns tons de pele, rapidamente ficamos sem múmias. Tegen Hager-Suart: Bem, é realmente interessante, e as pessoas não percebem que a maioria dos nomes de nossas cores, eles não são aleatórios. Eles não são como quando você entra em uma oficina de pintura e sabe que tem um azul casca de ovo ou algo assim, você só tem o nome de uma cor. Cada nome da cor fala sobre sua história ou como é feita ou o processo. Narrador: Possivelmente, o mais valioso era o ultramar, significando "além do mar", visto que tinha de ser extraído no Afeganistão. Era feito de lápis-lazúli, que em sua forma mais pura de pigmento ainda pode custar até US$30 mil o quilo. A gema foi usada para fazer o pigmento até que uma versão sintética foi criada em 1826. O azul vibrante era tão valorizado na Renascença que geralmente era reservado para pintar as vestes da Virgem Maria. Versões sintéticas de muitos desses pigmentos foram criadas e, embora isso signifique que muitos são mais baratos, alguns ainda podem ser difíceis de produzir. O azul cobalto, por exemplo, é feito aquecendo seus componentes a 1.200 graus Celsius. Portanto, tintas de cores diferentes são frequentemente vendidas a preços diferentes. Depois de obter esses pigmentos, eles são difíceis de trabalhar. A Winsor&Newton fabrica tintas a óleo há quase 200 anos e sua fábrica na França produz mais de 100 cores. Dominique Murzeau (Gerente Geral da Colart Le Mans): Produzir tinta é muito parecido com cozinhar. Primeiro, você tem a mixagem. Em seguida, você mói a tinta várias vezes. Temos três tipos de rolos: alumínio, aço e granito. A seguir, a pasta está pronta e vai para os tubos. Para o óleo, geralmente são tubos de alumínio. Tegen Hager-Suart: Todo o processo é tão seleto. Portanto, para cada pigmento, você precisa de um tratamento particular. Será necessária uma determinada quantidade de óleo com ele, e essa proporção muda para cada pigmento. E você vai precisar moê-lo até obter uma finura particular, que pode ser mais grossa ou mais fina. E na verdade, até com o mesmo pigmento, a moagem afetará a cor. Então, se você exagerar, pode acabar com outra cor. Se você moer muito bem, você pode acabar com um roxo em vez de um azul. Narrador: A pesquisa e o teste dessas cores podem levar meses para acertar. Pequenas amostras de cada cor são feitas em um laboratório para medir a consistência e resistência à luz. Acima de tudo, a qualidade da tinta a óleo precisa ser confiável, pois os artistas profissionais precisam de uma garantia de que aquilo em que estão trabalhando durará centenas de anos. E apesar das tintas comparativamente novas, como o acrílico, o óleo ainda é o favorito dos artistas. Tegen Hager-Suart: Tem sido usado para todo tipo de pintura desde o século 15 até agora. Quer dizer, você está falando desde os primeiros mestres holandeses até os impressionistas, expressionismo abstrato, hiperrealismo, que ainda é um movimento muito importante hoje. Ainda temos obras que são lindas e relevantes do século 15. É durável e tem a capacidade de fazer camadas, onde você pode raspar e continuar trabalhando. Você pode trabalhar em uma peça por anos e continuar refazendo-a, e isso dá a cada peça essa história. E você sabe, os próprios materiais são caros. Eles são confiáveis. Eles são lindos. Quero dizer, eles saem da pintura para você.

  • Bazar do CM Ateliê - Decoração [10% off em frete]

    Ao longo da história do Ateliê, trabalhamos com diferentes tipos materiais. No início do nosso trajeto, tecido, madeira, MDF e vidro eram elementos frequentes nas nossas peças. Aos poucos, acabamos focando na Arte Sacra e na Restauração - nossas especialidades hoje. Mas esse período fez com que muitas técnicas fossem desenvolvidas e aprimoradas. Então, paralelamente ao trabalho oficial em arte sacra, criamos itens pontuais de decoração e utilidades, desenvolvidos com materiais e técnicas que consideramos mais empolgantes. São peças únicas, exclusivas e disponíveis para venda no nosso álbum BAZAR. A ideia é priorizar os fãs da nossa página no Facebook - que têm acesso às novidades do álbum em primeira mão. Selecionamos algumas delas para mostrar aqui - mas tem muito mais lá no álbum. Aproveite para curtir a página do Ateliê e compartilhar com os apaixonados por produtos artesanais. Quem mora fora de Juiz de Fora, tem 10% de desconto no frete! Entre em contato!

  • Sant'Ana Mestra - Iconografia

    Em 2014, fizemos um post especial sobre a inauguração do Museu de Sant'Ana em Tiradentes. Anos depois, a imagem da mãe de Maria volta a ser foco no Ateliê, graças ao curso de Policromia Tradicional que realizamos na cidade, com a artista Bethania Villalba. O resultado das aulas é essa peça especial e exclusiva: Sant’Ana Mestra de 80cm de altura e 47cm de largura. Esta é uma imagem em 2D, criada pela própria Bethânia. Ela está apoiada sobre um suporte composto por gesso comum, pigmentos naturais e cola orgânica - o Stucco Mármol. Esse suporte tem textura de pedra, dura e resistente, mas com flexibilidade suficiente para o trabalho. Realizamos a policromia tradicional sobre a folha de ouro com pigmentos em têmpera e chegamos a este item de decoração impactante e perfeito para os apaixonados por arte sacra. Iconografia Santana - conhecida como avó de Jesus e mãe de Nossa Senhora - foi tradicionalmente representada com idade avançada. Como Santana Mestra, está quase sempre de pé com um livro nas mãos ao lado de Nossa Senhora Menina, mas também pode aparecer sentada com o livro nas mãos e a Virgem Menina de pé, ao seu lado. Foi adotada como padroeira dos mineiradores e dos carpinteiros e marceneiros. O trono teria, portanto, um duplo sentido: indicar a idade avançada e o papel de Santana como mestra de Maria e, ao mesmo tempo, enaltecer o ofício dos carpinteiros e marceneiros. A figura de Santana Mestra é recorrente no período do Barroco no séc. XVIII em Portugal e em suas colônias. Na arte barroca, a iconografia evoca mais a educação de Maria e dois tipos iconográficos ressaltam o tema: Sant'Ana Mestra e Sant'Ana Guia. Nas duas possibilidades, Maria é menina, mesmo quando apresentada como uma mulher em miniatura, e o livro é símbolo fundamental. Esse conjunto levou a imagem a ser difundida, também, como educadora em Minas Gerais. O tipo iconográfico de Sant'Ana Mestra foi criado por volta do século XIII, possivelmente na Inglaterra. Confira algumas etapas do desenvolvimento desta Sant'Ana Mestra exclusiva do Ateliê: Esta imagem de Sant'Ana Mestra está disponível para venda direta, entre em contato! Fonte: Comitê Brasileiro de História da Arte; D'Argent Artes e Antiguidades. Sobre o Museu: https://museudesantana.org.br/

  • Especial Arte Sacra

    Os processos de desenvolvimento de peças no Ateliê geram muita curiosidade. Da restauração à policromia, sempre recebemos mensagens de apaixonados por arte sacra interessados em saber mais detalhes sobre nossas criações. Para trazer os bastidores do nosso trabalho, criamos a série Especial Arte Sacra - uma sequência de vídeos exclusivos direto do Ateliê. Nesta série, apresentamos alguns dos nossos itens favoritos e contamos um pouco sobre cada um deles - desde o estilo de pintura até a técnica aplicada. Confira a apresentação: Abaixo, reunimos a primeira parte dessa série, que traz apenas santos masculinos. São José Santo Antônio São João Batista e São Francisco No nosso canal do Youtube, é possível encontrar diversos vídeos sobre arte sacra e restauração, além de dicas para fazer peças em casa. Inscreva-se por lá para acompanhar as novidades!

  • Nossa Senhora da Misericórdia - Restauração

    Nossa Senhora da Misericórdia – peça de gesso restaurada pelo Cristina Martins Ateliê, sob diagnóstico de danos intensos na estrutura e na pintura. O processo incluiu, além da reconstituição, a correção da direção dos olhos da imagem, conforme iconografia. Confira imagens do processo: #artesacra #gesso #arte #restauro #nossasenhora #pintura #restauração

  • A fabricação de tinta a óleo séculos atrás

    Em 1985, a partir de extensas pesquisas, a empresa Old Holland apresentou sua revolucionária cartela de 168 tintas a óleo diferentes, cada uma com um grau elevado de luminosidade. Graças a alta e única concentração de pigmentos em cada cor, as tintas tornaram-se símbolo de intensidade cromática e qualidade. A Old Holland está localizada a cerca de 60 quilômetros de Amsterdã. A empresa fabrica tintas usadas por artistas e restauradores de mais de 50 países. Em matéria do site DW, o artista Paul Balk revela os bastidores dessa produção e conta histórias curiosas sobre a fabricação de tintas a óleo séculos atrás, quando os recursos tecnológicos eram bem mais escassos do que hoje. Na reportagem, Paul explica que pigmentos são normalmente extraídos de minerais e, por isso, existem opções pouco acessíveis. O azul ultramarino, por exemplo, é considerada a cor mais cara do mundo. O artista também apresenta, de forma prática, o processo de criação das tintas, misturando proporções adequadas de pigmento e óleo com uma espátula e realizando uma trituragem manual para eliminar as menores partículas restantes - antes de, finalmente, o conteúdo ser armazenado. Balk revela, ainda, histórias interessantes sobre a criação de famosos pigmentos, como o amarelo indiano, o preto marfim e o branco de chumbo - todos originados de receitas seculares. Confira a matéria neste link.

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